Histórico do 59º BIMtz
Enquanto a guerra de secessão ocorrida no Período Regencial ameaçava a integridade do Império Brasileiro, surgiu, em 1839, através do Decreto Imperial nº 31, de 28 de fevereiro daquele ano, um novo Batalhão em nosso Exército, denominado de 1º Batalhão de Caçadores. Essa Unidade foi imediatamente empregada na pacificação da Província de Santa Catarina no combate às Forças Separatistas da República Juliana, em Laguna. Após a pacificação da província, o Batalhão teve como parada a cidade de Florianópolis.
No decorrer de sua história, o Batalhão recebeu diversas outras designações, a seguir: em 19 de abril de 1851, foi numerado como 9º Batalhão de Caçadores, tendo sua Sede na Corte; a 30 de novembro de 1852, recebe a denominação de 8º Batalhão de Infantaria (8º BI), participando com esta designação de toda a Guerra do Paraguai; em 18 de agosto de 1888, com a denominação de 8º Batalhão é transferido para Cuiabá, no Estado de Mato Grosso e no dia 07 de junho de 1908, é deslocado para Aquidauana-MT, passando a se denominar 14º Regimento de Infantaria; a 07 de novembro de 1917, é transformado no 42º Batalhão de Caçadores, transferindo sua sede para Maceió; a 11 Nov 1919, teve seu nome mudado para 20º Batalhão de Caçadores (20º BC); e finalmente, a 21 de novembro de 1973, recebeu a denominação atual de 59º BATALHÃO DE INFANTARIA MOTORIZADO (59º BI Mtz).
Uma de suas mais belas passagens históricas começou a ser construída em março de 1865, quando a Unidade, como 8º BI, integrou a famosa Divisão Encouraçada, comandada pelo lendário Brigadeiro Antônio de Sampaio, durante a Campanha da Tríplice Aliança. Ao deslocar-se em 16 de abril de 1866, como parte da vanguarda da Força de Invasão, foi um dos cinco primeiros batalhões a pisar o solo inimigo. A partir de então, deu-se início a uma história de honra e glória, com sangue e lágrimas de seus integrantes, principalmente quando, por duas ocaisões naquela Campanha, escasseou-se a munição e esta foi obrigada a conduzir o mais difícil e sacrificante emprego da Infantaria: o combate à baioneta. Devido o seu elevado moral, sagrou-se vencedora, apesar das muitas baixas.
No dia 24 de maio de 1866, na maior batalha campal da América do Sul, a Batalha do Tuiuti, lá estava o 8º BI suportando parte do volumoso ataque paraguaio e testemunhando o sacrifício supremo oferecido por aquele que viria a ser o Patrono da Infantaria Brasileira: Antônio de Sampaio. Ferido três vezes naquela batalha, o herói morreu posteriormente, a bordo do vapor Eponina, em 6 de julho de 1866.
As baixas se avolumaram de tal maneira, que a unidade estava reduzida à metade do seu efetivo desde que começara a Guerra do Paraguai, e com a morte do seu comandante, o Maj Joaquim Luiz de Azevedo, em 18 de junho de 1866, o Batalhão passou a ser comandado pelo brilhante oficial de Artilharia, o Ten Cel Hermes Ernesto da Fonseca, que o conduziria a novas vitórias. Pelos seus feitos heróicos e pela sua destacada atuação, Hermes Ernesto da Fonseca foi agraciado, posteriormente, com o título de Patrono do Batalhão, conforme Portaria Ministerial nº 162, de 23 de janeiro de 1980, que concedeu ao 59º Batalhão de Infantaria Motorizado, a denominação histórica de “BATALHÃO HERMES ERNESTO DA FONSECA”.
No combate de Boqueirão, a 16 de julho de 1866, a Unidade firmou-se como uma das mais valorosas da Divisão Encouraçada, ao conquistar e manter várias trincheiras paraguaias. No dia 21 de julho de 1867, participou da famosa Marcha de Flanco de Caxias. Em outubro do mesmo ano, combateu em Pare-Cuê e Tataiibá, além de participar do reconhecimento sobre Pilar e de conquistar com violenta carga de baioneta a vila de Taí. No mês de maio de 1868, participou do sítio de Humaitá, com um violento ataque ao inimigo. No dia 06 de dezembro, fez parte da vanguarda que conquista a Ponte de Itororó. E no dia 11, combateu em Avaí e a 21, em Lomas Valentinas. Batalhas estas que adornam o ESTANDARTE – DISTINTIVO da Unidade, criado pela Portaria Ministerial nº 2, de 21 de março de 1980. Continuando em sua vereda, em janeiro de 1869, o 8º BI foi parte integrante das Forças de Ocupação de Assunção e participou da Campanha da Cordilheira onde, em agosto, venceu os combates de Peribebuí e Campo Grande, vindo a permanecer no Paraguai, como parte das forças de ocupação, até o ano de 1876. Foram dez longos anos longe da Pátria, saudades, sacrifícios e renúncias, sendo que muitos não retornaram e ficaram sepultados naquele em solo paraguaio.
No Século passado, em várias oportunidades como 20º BC, a Unidade foi deslocada de sua sede. Como campanha externa, destacou-se ao participar da II Guerra Mundial, vigiando o litoral brasileiro e combate as forças do nazi-facismo, honrando as tradições de seus antepassados. No País, por doze vezes, o Batalhão deixou sua sede para pacificar outros Estados, em favor da manutenção da Lei e a Ordem e dos interesses maiores do povo brasileiro.
Nesse contexto, o Batalhão exerceu papel preponderante na perseguição à Coluna Prestes, percorrendo pelo rio São Francisco ou pelas linhas férreas os Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Maranhão. Teve participação decisiva nos combates de 30 e 31 de dezembro de 1925 e de 01 a 04 de janeiro de 1926, na Vila das Flores, no Maranhão, impedindo a conquista de Teresina, pelos revoltosos. Em 1930, aderindo à Aliança Liberal, integrou as Forças do Norte e com elas se deslocou até a Capital Federal. Seguiu, em 1932, para o Vale do Paraíba, em São Paulo, onde veio a perder entre mortos e feridos doze homens no combate contra os comunistas, em 1935, mais uma vez o sangue dos seus soldados foi derramado pela integridade nacional.
Em 17 de julho de 1997, já como 59º BIMtz, testemunhou-se uma data histórica para a Unidade, quando pela primeira vez foi empregada em solo alagoano. Naquela ocasião, movimentos reivindicatórios legítimos colocaram em rota de colisão seguimentos sociais, gerando uma crise de graves conseqüências para a sociedade. Fez-se necessário um fator inibidor para os ânimos, então bastantes exaltados. Coube a esta Unidade pacificar o Estado, fruto desta intervenção o Batalhão foi alvo de elogios de proporções nacionais.
No ano de 2001, no mês de julho, um apronto operacional foi realizado para fazer face à greve da Polícia Militar do Estado de Alagoas; em 2002, o Batalhão participou da Operação Dengue e realizou Ação Cívico-Social, no município de Murici-AL no dia 04 de outubro.
Atuou nas Operações Enchentes ocorridas nos anos de 2002, 2010 e 2017, visando ajudar a população alagoana atingida pelas chuvas que deixaram inúmeras pessoas desassistidas em Maceió-AL.
Cabe ressaltar que, durante as últimas décadas, o Batalhão vem sendo empregado no Programa Emergencial de Combate aos Efeitos da Seca, “Operação Carro-Pipa”, caracterizando a mão amiga do Exército Brasileiro no interior de Alagoas, onde atualmente 38 municípios do sertão do Estado e cerca de 150.000 alagoanos estão sendo beneficiados com a distribuição de água potável.
Paralelo a estas atividades, o Batalhão vem desenvolvendo projetos de integração social e cultural entre o segmento militar e a comunidade alagoana, permitindo a sedimentação de um diálogo direto entre a Força Terrestre e a Comunidade do Estado de Alagoas.
Em 2006, a Unidade participou com um Pelotão de Fuzileiros no 5º Contingente da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Da mesma forma, no ano de 2011 e no período de 05 DEZ 2016 a 03 JUN 2017 se fez representar nessa importante missão para o Brasil, 14º e 25º Contingentes, respectivamente.
Com a reestruturação organizacional do Exército Brasileiro, o 59º BI Mtz, ocupou as instalações da 20ª Circunscrição do Serviço Militar (20ª CSM) que foi extinta em 18 DEZ 2018. Com isso, a Base Administrativa do Batalhão passou a utilizar-se também das dependências do Forte São João (FSJ) e a Unidade começou a gerenciar o Espaço Cultural em Homenagem a II Guerra Mundial criado em 14 de março de 1996 pela Major Elza Cansanção Medeiros no FSJ.
Ainda, nos anos de 2018, 2020 e 2022, o 59º BI Mtz enviou militares para participarem da Força Tarefa Logística Humanitária – Operação Acolhida, no Estado de Roraima, em prol de migrantes e refugiados venezuelanos, confirmando a célebre frase que ecoa no pátio General Sampaio: “Quem não vive para servir, não serve para viver.”
Nos anos de 2020 e 2021, o 59º BI Mtz participou das Operações Alagoas I e II, respectivamente, que foram Exercícios de Apoio à Defesa Civil com viés de Ajuda Humanitária a cidadãos atingidos por catástrofes naturais, reafirmando o valor da Mão Amiga do Exército Brasileiro.
Cabe ressaltar que em 2021, o Batalhão teve pela primeira vez o efetivo de 157 militares certificados para o cumprimento de qualquer missão relacionada à Defesa da Pátria. Tais militares compõe a Força de Prontidão (FORPRON) da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, Brigada Francisco Barreto de Menezes.
Já em 2022, marcando a história recente da unidade, pela primeira vez em 183 anos de existência, o Batalhão Hermes Ernesto da Fonseca formou 232 soldados do efetivo variável incorporados em 1⁰ de março de 2022, Combatentes de Caatinga, por intermédio do Estágio Básico do Combatente de Caatinga (EBCC), na fazenda Patos, município de Piranhas - AL. Com a formação desses combatentes, atualmente, a Unidade tem em seu efetivo mais de 50 por cento de militares aptos a operar no bioma da Caatinga.
Este é o 59º Batalhão de Infantaria Motorizado, Batalhão Hermes Ernesto da Fonseca, Organização Militar de glórias, a qual temos a nobre missão de mantê-la em lugar de destaque dentro do Exército Brasileiro.
Pátria! Brasil, Caçador!
Fachada do primeiro aquartelamento em Maceió-AL em 1917
(na “Praça da Faculdade”)
Atualmente, sede do Museu de História Natural
Fonte: Blog da Academia Portocalvense de História, Letras e Artes (APHLA).
20ª BC em Maceió-AL (1944)
Fonte: Arquivo do 59º BI Mtz.
Fachada do 59º BI Mtz em Maceió-AL (2021)
Fonte: Arquivo do 59º BI Mtz.
Instalação da Base Administrativa do 59º BI Mtz em Maceió-AL
(antiga instalação da 20ª CSM – extinta em 18 DEZ 2018)
Fonte: Arquivo do 59º BI Mtz.
Atualizado em 26 de janeiro de 2021.
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